"Planto meu jardim e decoro minha alma! Ao inves de esperar que alguém me traga flores. E aprendi, que realmente posso suportar... Que realmente sou forte E que posso ir muito mais longe Mesmo depois de pensar que não posso mais." "Sinto o som do batuque nos meus ossos, o ritmo do batuque no meu sangue. É a voz da marimba e do quissange, que vibra e plange dentro de minh'alma, - e meus sonhos, já mortos, já destroços, ressuscitam, povoando a noite calma." Geraldo Bessa Victor, Angola
sábado, 31 de maio de 2008
Posso conviver com a destruição das minhas crenças,mas não posso abandonar a minha fé.
sexta-feira, 30 de maio de 2008
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Canto das três raças - Clara Nunes
um lamento triste sempre ecoou, desde que o índio guerreiro
foi pro cativeiro e de lá cantou
Negro entoou um canto de revolta pelos ares
no Quilombo dos Palmares, onde se refugiou
Fora a luta dos Inconfidentes pela quebra das correntes
nada adiantou
e de guerra em paz, de paz em guerra
todo o povo desta terra quando pode cantar
canta de dor
Ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh
Ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh ôh oh ôh ôh ôh
E ecoa noite e dia, é ensurdecedor
ai, mas que agonia o canto do trabalhador
esse canto que devia ser um canto de alegria
soa apenas como um soluçar de dor.
Ôh ôh ôh ôh ôh oh, ...
Afoxé para Logun - Clara Nunes
Menino caçador
Flecha no mato bravio
Menino pescador
Pedra no fundo do rio
Coroa reluzente
Todo ouro sobre azul
Menino onipotente
Meio Oxóssi, meio Oxum
Menino caçador
Flecha no mato bravio
Menino pescador
Pedra no fundo do rio
Coroa reluzente
Todo ouro sobre azul
Menino onipotente
Meio Oxóssi, meio Oxum
Eh..., quem é que ele é?
Ah..., onde é que ele está?
Axé, menino, axé!
Fara Logun, Fara Logun, Fá
Axé, menino, axé!
Fara Logun, Fara Logun, Fá
Menino, meu amor
Minha mãe, meu pai, meu filho
Toma teu axoxô
Teu onjé de coco e milho
Me dá do teu axé
Que eu te dou teu mulucum
Menino, doce mel
Meio Oxóssi, meio Oxum.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
terça-feira, 27 de maio de 2008
domingo, 25 de maio de 2008
História de Mavambo
Com a chegada dos outros irmãos, dos outros Minkisi, e dos seres que habitariam o mundo, ele se sentia um pouco frustrado de ter que aprender novamente as lições já repassadas por Nzambi Umpungu. Autônomo e mandão, ele solicitou do criador a possibilidade de criar um continente onde ele pudesse reinar. Nzambi concedeu seu pedido e ele criou seu reino achando que isso resolveria os seus problemas. No entanto ele se sentiu só uma vez que nesse universo não habitava ninguém e ele começou a criar seres a partir de sua própria energia, do seu próprio sangue que deixava pingar no chão e dele brotavam criaturas.
Com o passar do tempo ele povoou a terra com uma infinidade de seres que, não tendo a possibilidade de se alimentar de outra forma, pois em seu reino ainda não havia plantas e minerais, recorriam à energia de Mavambo para continuar a se desenvolver, se alimentar. Isso foi o deixando cada vez mais fraco, pois ele como o criador desses seres, precisava continuar doando sua própria força para que eles crescessem.
Não tendo mais forças para doar, Mavambo recorreu ao pai para saber o que deveria fazer. Nzambi lhe disse que pelo fato de ele ter criado os seres a partir de sua própria força vital, de seu sangue, ele deveria fazer um trato com eles para que lhe ofertassem energia.
Ao retornar ao seu reino, Mavambo criou uma série de animais e plantas para que eles servissem aos seres como ofertório para repor a energia que gastou na criação. É por isso que no Candomblé nós utilizamos animais, plantas e comidas como alimento aos Minkisi e à nossa própria energia.
Sagaz como ele próprio, e antevendo que ao criar esses seres os homens passariam a utilizar dele para repor sua própria energia, esquecendo-se daquele que os criou, Mavambo ordenou que o primeiro Kudiá (comida) do dia deveria ser ofertado a ele. No entanto, como grande articulador que é ele não deixou que os seres soubessem que aquela energia contida no ofertório era pra repor a sua própria.
Fazendo uma correspondência com a história viva e praticada diariamente no Candomblé, é por esse motivo que sempre, em qualquer atividade ou oferenda que fazemos em nossos ritos, é ele quem recebe primeiro o alimento, a energia. Essa ação é necessária uma vez que, sendo ele o conhecedor de todos os caminhos e segredos do mundo, o grande mago, ele precisa de muita energia para resolver nossos problemas, achar soluções e articular com outros seres as condições necessárias para que nossas contendas se resolvam.
A história do ser humano enquanto Nkisi tem muita correspondência com a nossa história atual. O que eu entendo é que quando damos uma comida à Nzila, faz pra ele um ofertório seja de nível vegetal, animal, mineral ou mesmo de luz, é para alimentá-lo, e a nossa própria energia, para que ele aja em nosso favor. Nós damos à luz para que ele também possa nos trazer a luz.
No entanto, é preciso que saibamos recorrer a ele sabendo exatamente aquilo que estamos pedindo. Mavambo, pelo fato de ter sido muito independente e ter aprendido seus limites a partir de sua própria experiência, nos empresta sua energia, mas divide conosco a responsabilidade pelos nossos desejos e vontades. Ele quer que sejamos humildes quando recorremos a ele nos ensinando ter responsabilidade pelos nossos desejos e agüentando a responsabilidade sobre eles.
Candomblé Angola - Kongo
Dentro do culto Angola-Kongo do Candomblé, existe um incontável número de minkisi (plural de nkisi na língua kikongo). No entanto, os mais cultuados no Brasil estão associados a algum tipo de energia da natureza. Seus filhos, iniciados ou não no culto, estão vinculados a essas energias e carregam como herança suas características.
Como todo rito de tradição oral, os ensinamentos sobre cada um dos minkisi são transmitidos dos iniciados mais velhos aos mais novos. É nessa dinâmica que não apenas as histórias, mas os conhecimentos e segredos são compartilhados entre todos os praticantes da religião.
Os minkisi cultuados no Candomblé Angola-Kongo são: Mavambo; Nkosi-Mavambo; Nkosi; Tawamin; Ngongobila; Teleku Mpensu; Katende; Hongolo; Kafundeji; Nzazi; Matamba; Kitembu; Kayaia; Ndandalunda; Nzumba; Nvunji; Lemba; Lembarenganga.
terça-feira, 20 de maio de 2008
Um Babalaô me contou
Homens que se tornaram orixás por causa de seus poderes.
Homens que se tornaram orixás por causa de sua sabedoria.
Eles eram respeitados por causa de sua força,
Eles eram venerados por causa de suas virtudes. Nós adoramos sua memória e os altos feitos que realizaram. Foi assim que estes homens tornaram-se orixás. Os homens eram numerosos sobre a Terra. Antigamente, como hoje,
Muitos deles não eram valentes nem sábios. A memória destes não se perpetuou
Eles foram completamente esquecidos;
Não se tornaram orixás.
Em cada vila, um culto se estabeleceu
Sobre a lembrança de um ancestral de prestígio
E lendas foram transmitidas de geração em geração para render-lhes homenagem".
Lendas Africanas dos Orixás,
Pierre Verger
domingo, 18 de maio de 2008
Lenda de Hongolo
Nzambi atendendo seu pedido preparou uma massa contendo móio (sopro da vida, a energia vital) , enviando ao iungo, pediu para que Mama Nzumba enterrasse bem fundo para que o ser fosse gerado no próprio iungo. Então, do seio da terra surgiu Hongolo, um ser capaz de transportar a água da lagoa e dos rios até a onde mama Nzumba remexia a terra.
Com o passar do tempo Nzambi povoou a terra e surgiram animais de todas as qualidades e junto com eles vários seres com formato de Hongolo (cobra), porém sem o poder que Nzambi conferiu a Hongolo.
Os homens povoaram a terra, e com o tempo se tornaram ferozes caçadores e passaram a dizimar os animais criados por Nzambi e no decorrer destas caçadas avistaram Hongolo transportando a água dos lagos e logo atacaram a divindade que mergulhou na lagoa para se proteger e lá permaneceu.
Mama Nzumba ao perceber que Hongolo não mais transportava a água voltou a lagoa a sua procura. Hongolo, então, contou o fato a Mama Nzumba que pediu que ele se escondesse atrás das nuvens e só descesse ao Iungo quando realmente não houvesse perigo.
Mas os homens continuavam a dizimar todas as cobras, que, sendo terrestres e frágeis, nada podiam fazer. Certo dia Hongolo, furioso ao ver seus semelhantes mortos, desceu das nuvens e mordeu a terra, chamando todas as cobras para dentro do buraco. Pediu para que procriassem sempre dentro da terra e as ensinou a nadar para fugir dos caçadores. Mas um problema maior o preocupava como fariam para se defender?
Recorreu, então, a Mama Nzumba divindade mais antiga que lhe disse haver uma divindade capaz de ajudá-lo, e que deveria procurá-lo na floresta, pois lá era sua morada, onde vivia sob sua proteção e que antes de entrar deveria gritar seu nome "Katende"..
Hongolo assim o fez e Katende ofereceu sua ajuda levando todas as cobras para a floresta e quando ia alimentá-las assoviava para que viesse apanhar as folhas e frutas.
Algum tempo se passou e Hongolo retornou à floresta para ver como andavam seus semelhantes, as cobras, e foi aí que percebeu que algumas tinham adquirido um poder mortal através das folhas que Katende as alimentava, o poder era tão perigoso que podia matar um homem em segundos e elas serviam de guardiãs.
Hongolo então emanava móio que se apresentava em forma de colorido por todo o corpo e transferiu às cobras que se tornou de várias cores e pediu as guardiãs do poder para só usarem o veneno para sua defesa e que dessem um aviso antes de desferi-lo. E até hoje os homens temem as cobras guardiãs e ninguém deve se atrever a assoviar nas matas pois elas se apresentam pensando que Katende quer alimentá-las com as folhas do poder.
E quando a chuva termina, Hongolo morde a terra relembrando o poder, e todas as cobras saem do seio da terra para reverenciar aquele que se apresenta majestosamente colorido, e muitas vezes retornam a sua primeira morada para transportar água para Mama Nzumba remexer a terra.
Fonte: Tata Nkasuté
Lenda de Kitembu
O Sobá (rei) então procurou o Nganga ia Ngombo (adivinho) e sugeriu que fizesse uma consulta através do minenge ia ngombo (cesto da adivinhação), para saber o motivo daquele sofrimento.
Nganga então obteve a resposta, as tribos bantu estavam sendo atacadas por Mgungula(espíritos trevosos) e que deveriam prestar culto ao Nkisi Kitembu (Nkisi da vida e da evolução), para que a vida voltasse ao seu ciclo natural. O Sobá imediatamente reuniu todas as tribos bantu e fizeram grande oferenda ao Nkisi Kitembu e da terra brotou um pó branco "PEMBA" que até hoje podemos ver em barrancos.PEMBA é o espírito do grande pai de todas as tribos bantu "Nkulu a Lunga" e esfregaram ao corpo aquele pó branco ficando livre de qualquer maldade. Assim, o povo bantu cresceu por toda a África e em homenagem ao Nkisi Kitembu levantaram um mastro bem alto com uma bandeira branca na ponta simbolizando "PEMBA" que quando balança com o vento, mostra a direção que o povo bantu deve seguir para não ter sofrimento.Kitembu é simbolizado por uma grelha (suplício, sofrimento), uma escada (crescimento, evolução) uma seta que aponta o duilo (fazendo uma ligação entre o céu e a terra), um ancinho, instrumento agrícola próprio para juntar palhas (restos do suplício humano) e cabaça (masculino e feminino, como conta a criação).
sexta-feira, 16 de maio de 2008
AYÉ - conjunto das forças do bem e do mal
Homenagem de Carmen à Carmen
Feiticeiro Negro
Para mim tu és Gabriel o enviado dos seres encantados que veio à terra no seio da minha família fortalecer o amor e a espiritualidade em nossos caminhos.Amor mágico de sorriso encantado obrigado por alegrar os dias e noites dessa minha existência tú és fruto do meu fruto e abençoado sejas sempre.ti amo bjs mágicos