
Nzazi era muito voluntarioso e mantinha a ordem no seu reino pela violência. O povo não gostava disso. Com as visitas de Lemba os conselhos que ele dava, Nzazi ficou menos violento. O reino prosperou muito.
Nzazi tinha em seu reino muitos cavalos e carneiros, que eram a sua predileção. Um dia ele saiu com seus homens para conquistar novas terras, e na sua ausência os carneiros foram roubados, e os que restaram foram mortos. Sabendo do ocorrido Nzazi voltou correndo, mas só escapou um casal de carneiros. Ele os levou para o reino de Lemba,no céu (duilo),e pediu-lhe que cuidasse deles, e partiu atrás dos ladrões.
Nzazi passou muito tempo procurando os ladrões, e chegou ao alto de uma montanha que cuspia fogo, onde encontrou Uiangongo, aquele que tinha o poder do fogo. Este lhe deu um pó mágico para combater os ladrões, quando os encontrasse.
Passado algum tempo Nzazi achou os ladrões de seus carneiros, e lançou sobre eles o pó mágico. Este se transformava em lava incandescente, e acabou com todos os bandidos.
Acontece que enquanto Nzazi procurava os ladrões, às vezes ele ouvia um ruído vindo do céu, "kabrum, kabrum"... A cada dia o ruído era maior e mais freqüente. Após acabar com os ladrões Nzazi foi ao reino de Lemba para pegar seus dois carneiros de volta.
Chegando lá, Lemba explicou que devido à demora de Nzazi os carneiros haviam procriado e se multiplicado, e que o barulho dos chifres deles lutando uns com os outros se ouvia em toda parte, "kabrum, kabrum". Nzazi levou os carneiros de volta, mas Lemba explicou que eles não mais poderiam ser comidos, pois haviam sido criados no céu. Nzazi concordou, e deu a Lemba um casal de carneiros como presente. Por isso até hoje escutamos ruídos vindos do céu, "kabrum, kabrum".
De volta ao seu reino Nzazi explicou ao povo que aquele animal agora era sagrado e não poderia mais ser comido. Contou suas aventuras em busca dos ladrões, mas como muitas pessoas se interessaram pelo pó mágico ele, com medo de ser roubado, resolveu guardá-lo em lugar seguro, e engoliu o pó.
A partir desse dia começou a soltar fogo pela boca, e queimou todo o reino com pedras incandescentes. Teve que se isolar, pois se ficasse zangado começava a cuspir fogo. Só aparecia quando o povo estava em perigo e o chamava. Ele então arrasava os exércitos inimigos com suas pedras incandescentes.


“Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros.
Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
- Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia.
- De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
- Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração fará um dia voar às alturas.
- Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como a águia.
Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:
- Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não á terra, então abra suas asas e voe!
A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, cicscando grãos. E pulou para junto delas.
O camponês comentou:
- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
- Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando no chão, pulou e foi para junto delas.
O camponês sorriu e voltou à carga:
- Eu lhe havia dito, ela virou galiha!
- Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levantaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não a terra abra suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e a vastidão do horizonte.
Neste momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, e voar para o alto, a voar cada vez mais alto. Voou... voou... até confundir-se com o azul do firmamento...”
E Aggrey terminou conclamando:
- Irmãos e irmãs, meus compatriotas! Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus! Mas houve pessoas que nos fizeram pensar como galinhas. Mas nós somos águias. Por isso, companheiros e companheiras, abramos as asas e voemos. Voemos como as águias. Jamais nos contentemos com os grãos que nos jogarem aos pés para ciscar.

Um comentário:
É sempre um prazer ler uma lenda do Senhor de meu Ori. Asé.
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