
Terreiro Bate Folha, Mansu Banduquenqué, Sociedade Beneficente Santa Bárbara do Bate Folha, localizado na Travessa de São Jorge, 65 - Mata Escura do Retiro, Salvador, Bahia, foi fundado em 1916 pelo Tata Manoel Bernardino da Paixão e, atualmente, é presidido por Tata Mulandure, Edualino Cipriano de Souza. O terreiro possui a maior área urbana remanescente da Mata Atlântica, aproximadamente 15,5 hectares. Foi tombado pelo IPHAN em 10 de outubro de 2003.
Origem do Bate Folha da Bahia
No ano de 1881, Salvador, Bahia, nasceu Manuel Bernardino da Paixão. Quando já contava 38 anos de idade, Bernardino foi iniciado na Nação do Congo pelo Muxikongo (designação dos naturais do Kongo), por Manuel Nkosi, sacerdote iniciado na África, recebendo então, a dijína de Ampumandezu.
Depois da morte de Manuel Nkosi, Bernardino transferiu-se para a casa de sua amiga inseparável Maria Genoveva do Bonfim - Mam´etu Tuhenda Nzambi, mais conhecida como Maria Nenem, mãe do Angola na Bahia, onde tirou a Maku-a-Mvumbi (Mão do Morto).
Maria Nenem era filha de santo de Roberto Barros Reis, escravo angolano, de propriedade da família Barros Reis, que lhe emprestou o nome pelo qual era conhecido. A cerimônia de Maku-a-Mvumbi, à qual Bernardino se submeteu em 13 de junho de 1910, coincidiu com a iniciação de Manoel Ciriaco de Jesus, nascido em Oito de agosto de 1892, também na Bahia, o que ocasionou a ligação estabelecida entre Bernardino e Ciriaco que, anos mais tarde, com o falecimento de seu irmão de santo mais velho, Manuel Kambambi, que na época tinha casa aberta na Bahia, Ciriaco sucedeu kambambi, no terreiro que hoje é conhecido por Tumba Junsara.
Com o passar do tempo, Bernardino já muito famoso, fundou o Candomblé Bate-Folha, situado na Mata Escura, em Salvador, Bahia. O terreno onde está estabelecido o Candomblé, é cercado de árvores centenárias e considerado o maior terreiro do Brasil que, na época, foi presenteado à Bamburusema, seu segundo mukixi, já que o primeiro era Lemba.
Desta forma fica claro que, pelas origens de Manuel Nkosi, o Bate-Folha é Congo e, mantém o Angola, por parte de Maria Nenem.
Foi no dia Quatro de dezembro de 1929 que Bernardino tirou seu primeiro barco, cujo Rianga (1º Filho da casa) foi João Correia de Mello, que também era de Lemba.
Raíz do Bate Folha da Bahia
• Manuel Nkosi - Nação Congo
• Maria Nenem - Nação Angola
• Manuel Bernardino da Paixão - 1916-
o João Lessengue - Rio de Janeiro
• Tata Mulandure -


“Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros.
Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
- Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia.
- De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
- Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração fará um dia voar às alturas.
- Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como a águia.
Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:
- Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não á terra, então abra suas asas e voe!
A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, cicscando grãos. E pulou para junto delas.
O camponês comentou:
- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
- Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando no chão, pulou e foi para junto delas.
O camponês sorriu e voltou à carga:
- Eu lhe havia dito, ela virou galiha!
- Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levantaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não a terra abra suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e a vastidão do horizonte.
Neste momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, e voar para o alto, a voar cada vez mais alto. Voou... voou... até confundir-se com o azul do firmamento...”
E Aggrey terminou conclamando:
- Irmãos e irmãs, meus compatriotas! Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus! Mas houve pessoas que nos fizeram pensar como galinhas. Mas nós somos águias. Por isso, companheiros e companheiras, abramos as asas e voemos. Voemos como as águias. Jamais nos contentemos com os grãos que nos jogarem aos pés para ciscar.

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