
ASÉ O.
IFÁ DIZ:
1 - A FIJÓ GBA AWÀ; A FÌJÀ GBA AWÀ; BÍ A Ò BÁ JÓ, BÍ A Ò BÁ JÀ, BÍ A BÁ TI GBA AWÀ, KÒ TÁN BÍ?
Tradução: Dançando tomamos posse de Awá; lutando tomamos posse de Awá; se nem dançando nem lutando conquistamos Awá de qualquer jeito o resultado não é o mesmo?
Interpretação: Para que criarmos um grande caso com uma questão que pode ser resolvida facilmente?
2 - A KÌ Í DÁ WO´ LÉ OHUN TÍ A Ò LÈ GBÉ.
Tradução: Ninguém, Não se deve colocar as mãos num peso que não pode levantar.
Interpretação: Cada um tem que conhecer os seus próprios limites.
3 - A KÌ Í FINI JOYÈ ÀWÒDÌ KÁ MÁ LÈ GBÁDÌ?.
Tradução: Ninguém pode ter o título de águia se é incapaz de capturar frangos.
Interpretação: Ninguém pode se exaltar além de sua capacidade.
4 - A KÌ Í FI PÀTÀKÌ BÉ ÈLÙBÓ; NÍ BÁ NÍSU LÓ M´BÉ E.
Tradução: Ninguém produz farinha de inhame por ser importante; somente quem possui inhames pode fazer farinha de inhame.
Interpretação: A importância de uma pessoa não mata a sua fome.
5 - A KÌ Í FI ÌKA RO ETÍ, KÁ FI RO IMÚ, KÁ WÁ TÚN FI TA EHÍN.
Tradução: Ninguém deve usar o mesmo dedo com que limpou o ouvido ou o nariz para, em seguida, esfregar e limpar um dente.
Interpretação: Todos devem comportar-se com decoro.
6 - A KÌ Í GBÓ “LÙ Ú” LENU ÀGBÀ.
Tradução: Nunca se verá um ancião mandar que se espanque alguém.
Interpretação: Os anciões resolvem as disputas, eles não incitam à guerra os disputantes.
7- A KÌ Í MO´ EGBÒ FÚNRA ENI KÁ SUNKÚN.
Tradução: Ninguém grita de dor quando cuida de suas próprias feridas.
Interpretação: Cada um sabe o seu limite de suportar a dor.
8 - A KÌ Í KO ELÉ?SIN KÁ TÚN L? FÉ? ELÉSÈ?
Tradução: Não se deixa um cavaleiro para se casar com um peão.
Interpretação: A pessoa deve procurar progredir e nunca regredir.
9 - BÍ A BÁ TI MO LÀ NKÚ; OLONGO KÌ Í KÚ TÌYÀNTÌYÀN.
Tradução: A pessoa morre de acordo com o seu próprio peso; o pássaro pisco-de-peito-ruivo, ao cair morto, não faz um grande barulho quando bate no chão.
Interpretação: Cada um deve agir de acordo com o seu próprio valor
10- A KI IGBE ODÓ JIYÁN BI OSE HO TABI KO HO.
Tradução: Ao lado de um rio não se precisa discutir se o sabão faz espuma ou não.
Interpretação: Não há necessidade de discutir quando se tem uma forma de provar o
assunto. Quem sabe, demonstra a verdade sobre um assunto e se exime de discutir sobre ele.


“Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros.
Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
- Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia.
- De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
- Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração fará um dia voar às alturas.
- Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como a águia.
Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:
- Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não á terra, então abra suas asas e voe!
A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, cicscando grãos. E pulou para junto delas.
O camponês comentou:
- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
- Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando no chão, pulou e foi para junto delas.
O camponês sorriu e voltou à carga:
- Eu lhe havia dito, ela virou galiha!
- Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levantaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não a terra abra suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e a vastidão do horizonte.
Neste momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, e voar para o alto, a voar cada vez mais alto. Voou... voou... até confundir-se com o azul do firmamento...”
E Aggrey terminou conclamando:
- Irmãos e irmãs, meus compatriotas! Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus! Mas houve pessoas que nos fizeram pensar como galinhas. Mas nós somos águias. Por isso, companheiros e companheiras, abramos as asas e voemos. Voemos como as águias. Jamais nos contentemos com os grãos que nos jogarem aos pés para ciscar.

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