
Havia quatro amigos que conviviam juntos no orun, prosperidade, riqueza, saúde e amizade. Ambos decidem vir para o aye, onde estavam vivendo Esu e Orunmila, que também eram muito amigos, a ponto de Esu viver constantemente dentro da casa de Orunmila.
Em determinado dia, Orunmila em companhia de sua mulher, consulta seu Ifá para saber o que deveria fazer para ter, prosperidade, riqueza, saúde e amizade. É aconselhado a fazer determinadas oferendas à Esu, as quais se recusa a fazer pois disse estar muito cansado, porém sua mulher que o acompanhava no momento da consulta, passa a cobra-lo da execução das oferendas, pois acreditava que isto estava bloqueando a vinda de prosperidade, riqueza, saúde e amizade para a vida de Orunmila.
Enquanto isso no orun, os quatro amigos resolvem pôr vez, vir para o aye e trazer um presente para Orunmila. Antes, porém, consultam o Ifá para saber se chegariam bem à terra (aye). Ifá determina que façam uma oferenda, que além de outras coisas, deveriam ofertar um ofá cada um. Dentre os quatro, somente três fizeram a oferenda, o quarto não fez, pois alegou gostar muito do ofá para dispor dele para uma oferenda. Deram inicio à viagem.
Andaram muito, e se cansaram inúmeras vezes, pois o caminho era muito longo, fazendo com que a viagem fosse bem demorada. Finalmente chegam ao ponto de encontro dos dois mundos, Orita, ali param e se sentam para descansar novamente, ficando a espera de que alguém passe pôr ali, a fim de indicar qual o caminho para a casa de Orunmila.
Orunmila já estava ciente dos acontecimentos, mas sabia que se não fizesse a oferenda para Esu, o presente não chegaria até a casa dele. Como Esu tem pôr hábito ir periodicamente à Orita, lá chega e encontra os quatro amigos, primeiramente procura pôr comida, depois cumprimenta os quatro amigos e pergunta-lhe o que estão fazendo ali. Eles respondem:
- estamos a espera de alguém para nos indicar o caminho da casa de Orunmila, pois trazemos presentes para ele.
Esu diz para eles que não iria adiantar, pois ele havia saído da casa de Orunmila naquele instante e ele tinha morrido. Os quatro amigos se desesperam, pois não poderiam voltar para trás com toda a bagagem, era muito pesada e, longa demais a viagem. Despedem-se de Esu e voltam a se sentar para decidir o que fazer com tudo o que traziam.
Dos quatro, aquele que ainda tinha o ofá sente-se culpado e, decepcionado, enforca-se. Os três restantes ficam mais preocupados ainda, pois agora teriam que dividir entre si, a bagagem que o outro trazia. Esu, nesse ínterim vai para a casa de Orunmila, e lá chegando, pergunta à Orunmila:
Orunmila, quantos ouvidos você tem?
Ele lhe responde: Dois.
Esu pergunta: Para que ?
Ele lhe responde: Para ouvir.
Esu diz: Ouça bem então, há quatro coisas boa para vir para você, se me der um galo você as terá, caso contrário ficará sem elas.
Orunmila ignora o pedido de Esu. Sua mulher mais uma vez presente, insiste para que ele de o galo à Esu e, diz que se ele não fizer a oferenda, irá se indispor com ele. Desta forma, Orunmila opta pôr fazer a oferenda que Esu havia pedido. Após feita a oferenda, Esu muda sua aparência, tomando uma forma velha, e vai até onde estavam os três amigos.
E com voz de idoso, e muito convincente, diz: O que você estão fazendo aí?
Relatam então, tudo o que havia se sucedido para Esu, sem saber que se tratava da mesma pessoa.
Esu depois de ouvir tudo, diz: Imaginem só, Esu dizer que Orunmila morreu, ele mente, Orunmila é muito amigo meu, está vivo, tanto que acabei de sair de sua casa agora, onde fizemos um trabalho. Vamos levantem-se, eu os levarei até lá.
Chegando a casa de Orunmila, sem que ninguém ouça, ele fala para Orunmila: Não lhe disse que vinham quatro coisas boas para sua casa......
E dessa forma, prosperidade, riqueza, saúde e amizade entram na casa de Orunmila. De onde deduzimos que, a atividade de Orunmila, não se completa sem Esu.
Esu, grande deidade, inspetor da conduta dos seres humanos e dos rituais em si, a primeira estrela a ser criada pôr Eledunmare, foi lhe outorgado o poder da transferência do asé, o primeiro mito a ser criado.
Traz em si o fenômeno da dupla personalidade, joga em dois times sem o menor constrangimento, só esta de acordo com os que cumprem seus deveres com ele. Foi criado para gerar a dúvida no homem, e fazer com que a hierarquia seja respeitada. Ele tem o poder de transformar e manipular as pessoas, quando não é tratado convenientemente, ele bloqueia os caminhos.
ESU GBA AWA O!
ESU TARE WA
TARE SASA
TARE WA GBA WA!!!
Gbogbo ire ati alafia fun awa o!


“Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro para mantê-lo cativo em sua casa. Conseguiu pegar um filhote de águia. Colocou-o no galinheiro junto com as galinhas. Comia milho e ração própria para galinhas. Embora a águia fosse o rei/rainha de todos os pássaros.
Depois de cinco anos, este homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista. Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
- Esse pássaro aí não é galinha. É uma águia.
- De fato – disse o camponês. É águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais uma águia. Transformou-se em galinha como as outras, apesar das asas de quase três metros de extensão.
- Não – retrucou o naturalista. Ela é e será sempre uma águia. Pois tem um coração de águia. Este coração fará um dia voar às alturas.
- Não, não – insistiu o camponês. Ela virou galinha e jamais voará como a águia.
Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e desafiando-a disse:
- Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não á terra, então abra suas asas e voe!
A águia pousou sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao redor. Viu as galinhas lá embaixo, cicscando grãos. E pulou para junto delas.
O camponês comentou:
- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
- Não – tornou a insistir o naturalista. Ela é uma águia. E uma águia será sempre uma águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa. Sussurou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
Mas quando a águia viu lá embaixo as galinhas, ciscando no chão, pulou e foi para junto delas.
O camponês sorriu e voltou à carga:
- Eu lhe havia dito, ela virou galiha!
- Não – respondeu firmemente o naturalista. Ela é águia, possuirá sempre coração de águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia, levantaram-na para fora da cidade, longe das casas dos homens, no alto de uma montanha. O sol nascente dourava os picos das montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não a terra abra suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, para que seus olhos pudessem encher-se da claridade solar e a vastidão do horizonte.
Neste momento, ela abriu suas potentes asas, grasnou com o típico kau-kau das águias ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, e voar para o alto, a voar cada vez mais alto. Voou... voou... até confundir-se com o azul do firmamento...”
E Aggrey terminou conclamando:
- Irmãos e irmãs, meus compatriotas! Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus! Mas houve pessoas que nos fizeram pensar como galinhas. Mas nós somos águias. Por isso, companheiros e companheiras, abramos as asas e voemos. Voemos como as águias. Jamais nos contentemos com os grãos que nos jogarem aos pés para ciscar.

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