Princípio dinâmico e princípio da existência individualizada, Exú não pode ser isolado ou classificado em nenhuma das categorias. Ele é como o axé (que ele representa e transporta), participa forçosamente de tudo. Segundo Ifá cada um tem seu próprio exú e seu próprio Olorún em seu corpo. O nome de exú é conhecido, invocado e cultuado junto ao orixá. E é Ifá quem revela e permite-nos sabê-lo.
Quem delegou esse poder à exú foi Olorún ao entregar-lhe o àdó-iràn , a cabaça que contém a força que se propaga. Esta cabaça está presente em seus "assentos", é uma cabaça de pescoço grande, e basta exú apontá-la a algo para transmitir seu axé.
O Òkòtó representa o crescimento Agbárá - poder que permite a cada um se mobilizar e desenvolver suas funções e seus destinos. Por isso recebe o título de Elegbára (senhor do poder).
Oxé-tuwá, representante direto de exú, simboliza um de seus aspectos mais importantes, o de ser encarregado e transportador das oferendas, Òjise-ebo.
Exú Elegbára = senhor do poder...Conhecido como Elegbára (ele=dono, senhor ; agbara=poder), contém muitas definições e funções. É o companheiro de Ogum.
Exú Yangi = pedra vermelha de laterita, pedaços de laterita cravados na terra, indicam o lugar de culto à Exú. Yangi é a representação mais importante de Exú e, é assim invocado:
EXÚ YANGI OBÁ BABÁ EXÚ
EXÚ YANGI rei, pai de todos os Exú.
Exú Yangi é o Exú ancestre, o Exú Agbá.
Exú Àgbá = pai-ancestre (representação coletiva de todos os exús individuais)
Exú Obá - rei-de-todos
Exú Alakétu = título dado a exú pelos kétu da Bahia - rei do povo Kétu -
Exú Elebo = senhor-das-oferendas
Exú Ojìse-ebo = encarregado-e-transportador de oferendas
Exú Elérú = senhor do erú (carrego)
Exú Olòbe = proprietário e senhor da faca
Exú Enú-gbárijo = explicitador de mensagens
Exú Bara = o rei do corpo (obá + ara) (princípio de vida individual)
Exú Odara = aquele que guia (mostra o caminho, vai na frente)
Exú por ser resultado da interação de um par, é o portador mítico do sêmen e do útero ancestral e como princípio de vida individualizada ele sintetiza os dois, É por isso que frequentemente, e, é representado pela forma de um par, uma figura masculina e uma feminina, unidos por fileiras de búzios. Exú está profundamente ligado à atividade sexual. Representados por um falo (pênis), ou suas representações simbólicas como: os penteados de forma fálica, sua arma, o ogó - bastão em forma de pênis -, sua lança; já as cabacinhas representam seus testículos.
Exú também está representado com objetos à sua boca; dedo, cachimbo e principalmente flauta, que vem representar a atividade sexual, como absorção e expulsão, ingestão e restituição, com a flauta Exú chama seus descendentes. Portanto símbolo por excelência da fecundidade. Exú jamais toma a forma de procriador. Exú é cultuado tanto como lésè-égún, como lésè-orixá, e apenas por seu intermédio é possível cultuar os orixás e as Iyá-mi (mãe ancestre). Não é apenas Òjisé-ebo, mas principalmente Òjisé, o mensageiro, fazendo a comunicação entre tudo que é oposto.
Com efeito a relação entre Exú e Ifá, é indiscutível, e Exú está representado em um dos principais emblemas característicos do culto à Ifá , o òpón, onde Exú tem sua representação em forma de rosto, de triângulos e losangos. É no seu papel de princípio dinâmico, de princípio de vida individual e de Òjise ou elemento de comunicação, que Exú Bará está indissoluvelmente ligado à evolução e ao destino de cada indivíduo. Como tal ele também é senhor dos caminhos Exú Olònà, e ele pode abri-los ou fechá-los.
Exú fica à esquerda dos caminhos. O elemento procriado, é a prova do poder das Iyá-mi, é o pássaro, o Elèye. Exú foi o primeiro a usar ekódide (pena de uma espécie de papagaio) na cabeça, e foi isto que o tornou decano de todos os orixás. Alguém que coloca ekódide na cabeça sem necessidade, provoca a cólera de Exú.
Enganosamente ou mal intencionados, os primeiros missionários que chegaram à África, compararam-no ao diabo, por algumas de suas formas, artimanhas e poderes atribuídos. Ele tem as qualidades dos seus defeitos, pois é dinâmico e jovial, havendo mesmo pessoas na África que usam orgulhosamente nomes como Èxúbíyìí (concebido por exú), ou Èxùtósìn (Exú merece ser adorado).
Como personagem histórica, Exú teria sido um dos companheiros de Odùduà, quando da sua chegada à Ifé, e chamava-se Exú Obasin. Tornou-se mais tarde, um dos assistentes de Orúnmilá, que preside a adivinhação pelo sistema de Ifá. Segundo Epega, Exú, tornou-se rei de Kêto sob o nome de Exú Alákétu. É Exú que supervisiona as atividades do rei em cada cidade: o de Oyó é chamado Exú Akesan.
Como orixá, diz-se que veio ao mundo com um porrete, chamado, ogó, que teria a propriedade de transportá-lo, a centenas de quilômetros e de atrair, por um poder magnético, objetos situados a distâncias igualmente grandes.
2 comentários:
Oi Carmem,
Adorei suas explicações sobre EXU.Eu tenho muito carinho por ele e sei que ele por mim.Conversamos às vezes,peço licença para tudo.Não sou iniciada no candombl´e, fui criada na religião católica,mas isso está em mim d euma forma muito intensa,por isso estousempre buscando aprender.
Agradeço e um grande abraço.
EXU
Ao passar na encruzilhada,
em noite de lua cheia,
no silêncio da escuridão,
ouvi uma gargalhada.
Era um homem vestido de negro.
Tinha um tridente na mão,
e usava uma capa encarnada.
Ao questioná-lo quem era,
sorriu, e falou assim:
Para si, meu nome é Exu,
mas muitos me chamam de Fera.
Sou guardião dos caminhos,
sou carrasco dos perdidos,
de todos eu estou á espera.
Em tempos, já fui seu igual.
Hoje vivo no mundo dos mortos,
mas caminho no meio dos vivos.
Conheço o bem, mas também o mal.
Ajudo quem pede, se for de justiça.
Puno a maldade, puno a vaidade, e puno a cobiça.
Exu é meu nome, me chame de tal.
Almada, 6 de Junho de 2008
Extrato da obra - "Orixás em Poesia" de Paulo Lourenço (Ramiro de Kali) Copyright @ 2008
POMBAGIRA
Sou uma rosa, sou um perfume,
sou a mais bela de qualquer jardim,
oiço lamentos, oiço queixume,
não há mulher que não venha até mim.
Sei seduzir, me deixo seguir,
a palavra dificil para mim não existe,
de preto e vermelho, ou sem me vestir,
homem algum a mim me resiste.
Bebo champanhe, fumo cigarro,
digo mil coisas sem nunca falar,
sei ler na mão, jogo o baralho,
a mim só me engana quem eu deixar.
Se alguém precise e me queira encontrar,
siga o perfume em noite de lua,
diga meu nome sem se enganar,
sou Pombagira, meu lar é a rua.
Almada, 6 de Junho de 2008
Extrato da obra - “Orixás em poesia” de Paulo Lourenço (Ramiro de Kali) Copyright © 2008
EXU DE LEI
Salve o povo da rua!
Que nos protege, e nos vigia,
em cada esquina, em cada lugar.
Que nos acompanha para todo o lado,
em qualquer hora, em qualquer lua.
Exu é pai, Exu é guia.
Pelo seus filhos vive a lutar,
e tantos o chamam para o caminho errado.
Meu pai perdoai-lhes a ignorância,
a ganância e o ódio, cega as pessoas,
a sede do poder fala mais alto,
e o valor do ser, dá lugar ao ter.
São como crianças na sua infância,
querem ser reis, e na cabeça coroas.
Mas esquecem que a queda depende do salto,
e no fim o que ganham é saber perder.
Meu pai Exu é rei na magia.
Desfaz embaraço e corta demanda.
Abre os caminhos, mas pode fechá-los,
quem manda é Exu, na lei da Quimbanda.
Dai-nos um pouco da sua alegria,
dai-nos um pouco do seu sorriso.
Protegei meu pai, quem for de direito,
e para os demais, que faça o juizo.
Almada, 6 de Junho de 2008
Extrato da obra - “Orixás em poesia” de Paulo Lourenço (Ramiro de Kali) Copyright © 2008
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